Às vésperas das eleições passadas, uma coisa me chamou a antenção. Meu vizinho de 18 anos, o qual deveria no mínimo ter a conciência sobre o que representa uma eleição, tinha nas mãos um panfleto de propaganda de partido político que acabara de pegar no chão, e dizia de peito cheio: "Acabei de escolher em quem vou votar". Não é só o meu vizinho que escolhe seus futuros governantes ao acaso, ou por graça. Um exemplo disso, é a eleição expressiva do agora deputado Clodovil, apresentador de TV. Sem nenhuma história política e declaradamente sem projetos para o país, pode ser encarado como voto de protesto ou como voto de zombaria, minha alternativa favorita. Após esse epsódio, me coloquei a questionar o sistema eleitoral brasileiro: Se muitos não estão nem aí para a política, para seus representantes e consequentemente para sua representatividade enquanto cidadão, por que não tornar o voto opcional ?
Apartir do momento que não houver mais a obrigatoriedade de se votar, só quem realmente tiver conciência de que seu voto é importante, e der seu voto pensando no futuro do país, e não simplismente por cumprimento de uma obrigação, mutias vezes dita "incomoda", irá comparecer às urnas. Em alguns países como a Venezuela, o voto não é obrigatório, o que não prejudica o pluralismo político. O que muda, é que os venezuelanos são muito mais concientes politicamente que os brasileiros. Só vota quem quer, e com isso, são eleitos melhores políticos. Prova disso, é o índice de crescimento do país, que gira em torno de 7,5% ao ano (segundo a Folha).
A não obrigatoriedade do voto, é um fator que contribui para o crescimento político. Os que optam por votar, tem ampliado seu poder de decisão, frente que 1000 votos são mais significativos em um colégio eleitoral de 15 milhões de eleitores do que em uma votação que conta com 115 milhões de eleitores, como o Brasil. Com o voto não obrigatório, e consequentemente com a queda do número de eleitores,as centrais sindicais e movimentos populares por exemplo, os quais contam com eleitores concientes, que votam pela melhoria das condições para suas classes, obteria muito mais expressividade. Será que a elite dominante tem medo disso ?
A CUT por exemplo, conta com um universo de 22,45 milhões de filiados (segundo dados da UNICAMP). Não é dificil imaginar que desses 22,45 milhões, 15 milhões continuariam votando mesmo com a não obrigatoriedade do voto. Já pensando no "povão" que vota só pela obrigatoriedade, não é dificil imaginar uma queda de mais de 50% no número de votantes. Os que controlam o poder tem medo dos que votam por conciência ? Acho que sim.
Com a não obrigatoriedade do voto, outros beneficiados seriam as mulheres. Com maioria do eleitorado feminino, nunca tivemos um presidente da república mulher. Isso pode ser um reflexo da qualidade do voto daqueles (ou daquelas) que só votam por votar. Que tal darmos uma chance à quem realmente quer mudar, simplismente oferecendo a oportunidade de não votar à quem assim queira ?
Um artigo bem legal sobre o mesmo assunto que escrevi:
http://www.direitonet.com.br/artigos/x/46/55/465/
3.23.2007
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